Direção: Jim Sharman
Roteiro: Richard O'Brien e Jim Sharman
O filme conta a história de um típico casal estadosunidense, Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon). Completamente esterotipados, a mulher está toda hora a gemer “Oh Brad!” com sua comunzíssima voz de donzela norte-americana de filme hollywodiano; enquanto isso, o homem, que também atua de forma canastrona, é o típico macho que acha que sempre tem o controle da situação.
De cara já nos é revelado o tom sátirico-músical da obra; logo após a abertura da 20th Century Fox, escutamos a canção “Science fiction/ Double Feature”, enquanto é exibido na tela o nome dos responsáveis pela obra em letras cujas fontes remetem a filmes B de terror - filmes B eram a segunda metade de sessões duplas (Double Feature) de cinema; assim, a música nos revela que iremos assistir segunda metade de uma sessão dupla de ficção científica -. Após isso há o casamento entre Brad e Janet, que nos é mostrado enquanto os dois cantam calorosamente a música “Dammit, Janet”, contrastando com a inexpressividade dos camponeses ao redor. A próxima cena nos apresenta o narrador criminologista do longa (Charles Gray), um ser bizarro que nos revela, em um tom toscamente aterrorizante, que o casal sairia para visitar um amigo, o Dr. Everett Von Scott (Jonathan Adams).
Mostrando novamente Brad e Janet, os vemos furarem um pneu do carro durante a viagem em um intenso temporal, assim eles são obrigados a parar. Em busca de ajuda, os dois acabam encontrando o esteriótipo de um castelo mal-assombrado. Enquanto se aproximam do quintal, o casal canta alegremente “There is a light over at the Frankenstein place” (Há uma luz na casa de Frankenstein), achando que a sorte havia sorrido para eles ao encontrar uma ajuda, mas estavam enganados. A música simboliza esse equívoco, ao contrapor luz – um claro símbolo de esperança, alegria – e casa de Frankenstein – algo assustador, sombrio -.
Ao entrarem no castelo é que The Rocky Horror Picture Show realmente começa. O casal é recebido pelo bizarríssimo Riff Raff (Richard O'Brien), o mórbido corcunda empregado do castelo. O criado abre a porta para o casal, que escuta barulhos, como os de uma festa. Magenta (Patricia Quinn), outra criada, surge do nada e, com isso, Riff Raff começa a cantar uma das melhores músicas da obra: “Time Warp”. Enquanto o excêntrico corcunda canta e caminha pelo castelo, nos é exibido o cenário composto por esqueletos, cortinas escuras e empoeiradas, teias de aranha e animais empalhados. Na hora do refrão, Riff Raff abre uma porta e nos deparamos com a Convenção Anual dos Transilvanians.
Transilvanians: os figurantes dançando e cantando "Time Warp"
Preciso de um parágrafo só para os figurantes que interpretam os transilvanians; eles merecem, pois são de importância fundamental para o tom tosco de The Rocky Horror Picture Show. Onde é que encontraram pessoas tão bizarras? Na minha vida, nunca vi um grupo de indivíduos tão estranho. Há um anão, um homem/ mulher (não sei o que aquele ser é) que parece o Joey Ramone, velhas absurdamente esquisitas, além de outras espécies singulares. Não há como descrever toda a extravagância contida naqueles sujeitos. Se já não bastasse serem bizarros por natureza, eles trajam um figurino completamente tosco, barato, de má qualidade; as vestes são formadas por chapéus de festa, um chapéu de pirata (aquele com a caveira), chapéus pequeníssimos e mega-coloridos, além de excêntricos óculos escuros . Os mesmos figurantes que aparecem nessa cena (e em outras partes do filme que acontecem dentro do castelo) foram utilizados no início do filme (pelo menos alguns deles), na seqüência do casamento.
Durante a mesma cena ocorre outra repetição de atores, dessa vez com Richard O'Brien – que interpreta Riff Raff -, o qual atua como um dos inexpressivos camponeses. No entanto, essa repetição aparenta ser intencional, já que, dentro do castelo, instantes antes da música “Time Warp” começar a ser cantada, observamos um quadro no qual está pintado Riff Raff e uma mulher, ambos trajados como camponeses.
Em “Time Warp” temos a aparição de Columbia, outra criada, que faz um solo de sapateado completamente malfeito. Além disso, há a participação do narrador criminologista nessa canção, o qual canta e nos mostra didaticamente a dança. Assustada com o clima exótico, Janet pretende fugir, mas Brad não, pois achava que tinha o controle da situação. Enquanto discutem, os dois encontram a genial personagem interpretada por Tim Curry: Dr. Frank-N-Furter.
Sem Dr. Frank-N-Furter, The Rocky Horror Picture Show não seria nada. Ele é a alma do filme, a qual traz o tom sexual da obra. Tim Curry fez uma das melhores interpretações que eu já vi na minha vida. Mick Jagger queria interpretar o papel, mas felizmente não conseguiu. Ao entrar em cena, a personagem, enquanto rebola, canta “Sweet transvestite”, revelando que é um travesti que veio do planeta Transexual, da galáxia Transilvânia. Porra! Genial! Ele é um extraterrestre gay! Como se isso não bastasse, ele também está construindo um “monstro” (que, na verdade, se trata de Rocky, um bonitão criado para fins sexuais), como Frankstein (o que já havia sido ilustrado anteriormente na canção “Over at the Frankenstein place”).
O filme se desenrola de uma maneira surpreendentemente trash, com seus figurinos toscos, atuações canastronas, cenários mal feitos, referências a Capela Sistina, David de Michelangelo e tantas outras obras, os aparatos tecnológicos (como o oscilador sônico, por exemplo) e suas brilhantes canções que não saem da cabeça. Um dos exemplos da trashice da obra é quando Dr. Frank-N-Furter mergulha em uma piscina e, após sair, tem sua tatuagem muito borrada, ficando assim por um bom tempo. O estilo trash revela-se também nas constantes as passagens de cenas feitas de maneira completamente tosca, como na qual a nova seqüência escorre como sangue pela tela.
The Rocky Horror Picture Show é um filme para se assistir milhares de vezes. Sua simplicidade, sensualidade, excêntricidade e qualidade musical me conquistaram e fizeram essa obra entrar para a minha lista.
OBS: No site do fã clube, há uma notícia de que a MTV planeja fazer um remake de The Rocky Horror Picture Show. Como fã do filme, acho impossível que a nova versão se iguale à original.
Tem tempo que vi este filme! Bem lembrado, será que consigo achar pra download na net? abs
ResponderExcluirBah, não sei cara. Tem um site mto bom para downloads de filmes, http://trixxx.com.br/ , talvez tu ache lá. Abraço!
ResponderExcluirCRÁSSSSSICO !!! Tremendo musical, talvez um dos melhores ou o melhor da história rs. Melhor filme de Tim Curry ?
ResponderExcluirDaniel , outra coisa, dias atrás indiquei o teu blog pra recebre um selo e tinha certeza que tinha te avisado, hoje fui conferir os comments do post anetrior e não avisei rs.
De quqlaquer forma o selo está, só vai ter o trabalho de rolar a barrinha rsrs.
Abraços e desculpa pela nossa falha rs.
Obrigado pelo selo, Alexandre! Com certeza é o melhor que já vi do Tim Curry. Não sei se é o melhor musical, mas é o meu predileto. Abraço!
ResponderExcluirBela dica. Eu, sinceramente, não tinha conhecimento dessa produção. Pelo que você descreveu, me parece ser um trabalho bem enérgico e divertido.
ResponderExcluirdemais!!
ResponderExcluirVale a pena conferir!
ResponderExcluirÓtimo texto sobre o filme. Não sabia que alguns figurantes se repetiam.
ResponderExcluirVi a peça em SP em 75, depois em Londres tb em 75, ainda adolescente.
Fui revê-la agora, outra vez em Londres, num teatro em Wimbledon. Uma festa, cheio de gente vestida de personagens. Senti falta da banda no palco, com destaque, como vi em 75. Mas foi ótimo. Escrevi um texto sobre isso, cujo link segue assim.
http://colunas.epoca.globo.com/pelomundo/2009/09/27/o-que-voce-pode-aprender-com-o-rocky-horror-show/
Abraço
Paulo
Paulo, muitíssimo obrigado pelo comentário! Um elogio vindo de uma pessoa do teu gabarito me deixa muito contente!
ResponderExcluirAbraço!